quinta-feira, 26 de julho de 2012

CANDOMBLÉ


O termo "candomblé" era usado inicialmente para designar apenas certo tipo de dança, mas passou a significar também o próprio ritual religioso dos negros africanos. A principal diferença entre os vários tipos de candomblé existentes no Brasil é a origem étnica. Existem, entretanto, quatro características comuns e importantes para caracterizá-lo como de origem africana: a possessão pela divindade, o caráter pessoal da divindade, o oráculo e o despacho de Exu.   Há quem faça distinção entre o candomblé e a umbanda enquanto rituais. Ambos são religiões afro-brasileiras, mas a umbanda se caracteriza pela mistura do candomblé e do espiritismo, estando, dessa forma, voltada para os feitiços. O termo quimbanda, é usado para definir a parte da umbanda que é voltada para magia negra, conhecida como: macumba. No candomblé utilizam-se mais as danças e os trabalhos com forças advindas da natureza, como as do mar, do fogo, do ar, dos rios e florestas, representadas pelos orixás.   O candomblé praticado atualmente se encontra modificado, marcado por forte sincretismo religioso, decorrente das influências culturais dos brancos e indígenas. Essa foi uma alternativa de sobrevivência da religião. Entretanto, nos dias de hoje, observa-se a tentativa de retomar as tradições africanas, afastando os elementos católicos de seus rituais.   O candomblé distingui-se dos outros cultos por não ser praticado diante do altar, mas dançado de forma primitiva nos terreiros, com cantos envolventes ao som do agogô e do atabaque, considerado instrumento sagrado por transmitir a mensagem dos deuses.   Acredita-se que durante o ritual os orixás descem do mundo desconhecido e incorporam-se em seus filhos, chamados cavalos, concedendo-lhes poderes de atuação para o bem e para o mal. Os filhos-de-santo, na maioria do sexo feminino, são os sacerdotes dos orixás, assim como os padres são os representantes de Deus na Igreja Católica. Nem todo, porém, são preparados para "receber" os santos. Existem os que cuidam dos cavalos quando os orixás "baixam", os que sacrificam os animais, os que tocam os atabaques e os que preparam a comida. Os búzios, usados como instrumento de adivinhação, é que vão dizer qual a função de cada um.      O Candomblé, em sua essência Yorùbá foi deturpando-se no geral com o passar dos séculos, desde a chegada dos primeiros negros oriundos da África, particularmente da Nigéria e do Dahomé (a atual República Popular de Benin), sendo que os de origem Yorùbá foram dos últimos a chegarem ao Brasil, já próximo ao término da escravidão. Por sua diferença de maneiras (embora se diga que não) foram aproveitados em grande número como escravos domésticos, pois eram considerados mais refinados.  Mas, com a sua adaptabilidade do tão conhecido jeitinho brasileiro, moldou-se segundo a nossa personalidade, adaptando-se e forjando-nos como Afro-brasileiros, para nos classificarmos, se assim se pode dizer. A nossa religião é uma das mais belas e originais manifestações de espiritualidade, com um vasto e riquíssimo naipe de nuanças com personalidade, feição e expressão próprias, traduzidas em linguagem também própria e particularizadas, apesar de variada.   A Linguagem Oral: através da qual se expressa os orins (cânticos), àdúràs (rezas), Ofos (encantamentos) e oríkìs (louvações). É através dela que se conversa com os Òrìsàs.   Nossa religião é eminentemente de transmissão oral, e a despeito disso, preservaram grande parte dos seus rituais, cânticos e liturgia com sua língua. litúrgica falada quase que fluentemente em seu bojo, pelas pessoas mais proeminentes, mas, infelizmente em número bem restrito.   A língua oficial nos cultos Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà, é o Yorùbá, que apesar disso é também muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que são oriundos de países e culturas diferentes.   Apesar de pouco conhecido pela grande maioria dos adeptos da religião, o yorùbá é amplamente falado de maneira empírica apenas mecânica e meramente Mimética, repetindo-se o que foi dito e decorado anteriormente.   Diz algumas pessoas, que o Yorúbá é uma língua morta e está para o culto aos Òrìsà assim como o Latin está para o Catolicismo. Mas, isso é um engano, yorùbá é uma língua viva e dinâmica e é falado ainda nos dias atuais por cerca de 20 a 25% da população da Nigéria e possui elevado número de dialetos, cuja língua oficial é o Inglês, introduzido ali pelos colonizadores.   No Benin, são mais ou menos 20 a 25% também de sua população, dentre outrostantos dialetos, que falam o Yorùbá como sua primeira língua ou segunda, dependendo do aculturamento.   O Yorùbá é a primeira língua de aproximadamente 30 milhões de Africanos Ocidentais, e é falada pelas populações no Sudoeste da Nigéria, Togo, Benin, Camarões e Serra Leone.

A língua também sobreviveu em Cuba (onde é chamada de Lukumi) e no Brasil (onde é chamada Nagô), termo que inicialmente era usado pejorativamente, querendo significar "gentinha, gentalha, ralé".     À parte de vários dialetos, existe o Yorùbá padrão, que é usado para propósitos educacionais, (e.g., em jornais, revistas, no rádio, TV e em escolas). Esta forma padrão é compreendida por oradores dos vários dialetos que atuam como tradutores do Yorùbá oficial para o dialetal e vice-versa.   No Brasil o interesse pelo Yorùbá dá-se principalmente entre as pessoas adeptas da Religião dos Òrìsà, que recebe o nome genérico e popular de Candomblé, não importando a origem se Yorùbá, Fon (Jeje) ou Bantu (Angola).      O Candomblé nasceu da necessidade dos negros escravos em realizarem seus rituais religiosos que no princípio eram proibidos pelos senhores de escravos. E para burlar essa proibição, os negros faziam seus assentamentos e os escondiam, preferencialmente fazendo um buraco no chão, cobrindo-os e por cima colocavam e dançavam para seus Òrìsà, dizendo que estavam cantando e dançando em homenagem àquele santo católico; daí. nasceu o sincretismo religioso, que foi abandonado mais tarde pela maioria dos adeptos do Candomblé tradicional, com o "término" da escravidão e mais concretamente quando o Candomblé foi aceito como religião com a liberdade de culto garantida pela Constituição Brasileira.            À primeira vista para os leigos, o Candomblé é uma coisa só. Mas, não é bem assim. Existem vários grupos, onde o mais expressivo, sem dúvida, é o grupo Yorùbá (na atualidade). Na época do tráfico de escravos, vieram muitos negros oriundos de Angola e Moçambique:  os Bantos, Cassanges, Kicongos, Kiocos, Umbundo, Kimbudo,  de onde se originou o “Candomblé Angola”, facilmente reconhecido por quem é da religião,  pela maneira diferente de falar, cantar, dançar e percutir os tambores, o que é feito com as mãos diretamente sobre o couro com ritmos e cadências próprios, alegres e ligeiros.     É o Candomblé de onde se originou o  Samba, que tomou emprestado o próprio nome, que em Kimbundo significa "oração". É também origem do "Samba de roda", que  era feito como recreação, principalmente pelas mulheres, após os afazeres rituais, dançando e cantando dizeres em sua maioria jocosos e galhofeiros. Mais tarde assimilado pelo Samba de Caboclos, aí já em sua versão mais “abrasileirada” como um culto ameríndio que era feito pelos Caboclos, aí já incorporados em seus "cavalos" e já em idioma aportuguesado com versos chamados de "sotaque".  Isto, porque quase sempre eram parábolas ou charadas que poucos entendiam. muito em voga ainda hoje.     Acha-se que este Samba de Caboclos foi o embrião da Umbanda, onde nasceu o culto aos Òrìsà cantado e falado em português, fazendo assim a nacionalização dos Òrìsà Africanos, que algumas pessoas faziam objeção por causa de ter uma  língua estrangeira não bem aceita pelos já nascidos brasileiros e que foram perdendo os conhecimentos da língua ancestral, principalmente por causa do analfabetismo.              A Umbanda é a mistura do Culto aos Òrìsà, do Catolicismo e do Kardecismo, resultando numa religião Brasileira, que hoje em dia é até exportada para os países vizinhos, principalmente os do cone Sul, como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde existem até confederações de Umbanda e onde o Brasil está para eles, assim como a África  está para nós.   A origem da força cultura Yorùbá foi  demonstrada em uma das guerras havidas entre o Dahomé e a Nigéria, mais ou menos no meado para o final do século dezesseis, em que o Estado de Kétu, teve praticamente metade do seu território anexado ao Dahomé como espólio de guerra  após sua população juntamente com a de Meko,  ter sido  saqueada e parte dela capturada como escravos perdurando essa anexação militar até os dias atuais.   Como Resultado dessa guerra, muitos foram capturados de ambos os lados, e foram vendidos aos Portugueses como escravos. Foi quando, já ao final do século, começaram a chegar tantos os escravos de origem Ewe-Fon, conhecido popularmente por Jejes, oriundos do Benin, antigo Dahomé, que foram capturados pelos Yorùbá, com a recíproca, dos Yorùbá capturados pelos Ewe-Fon,  também vendidos como escravos.    Os Yorùbá em sua maioria, eram oriundos de Kétu, o território anexado.  Mas, também vieram negros  trazidos de outras áreas Yorùbás como  Òyó,  Ègbá,  Ilesá,  Ifón,  Abeokuta,  Iré,  Ìfé, etc.   Estes dois grupos (Jeje  e Yorùbá) quando chegaram ao Brasil, continuaram inimigos ferrenhos e não havia hipótese de um aceitar o outro. Mas, eram indivíduos de tradições sociais religiosas  tribais, e não podiam sobreviver sozinhos. Então procuraram unirem-se em virtude da condição cativa de ambos. Essa união era difícil tanto pela barreira do idioma, pois eram vários e diferentes em dialetos, quanto pelo ódio que alguns nutriam contra os outros do que os Senhores de escravos e Feitores se aproveitavam em tirar proveito para fomentar mais ainda a animosidade entre eles.   Pois, os Senhores de Engenho principalmente, temiam a união do grande número de escravos, o que certamente poderia colocar em risco a segurança dos brancos. Então, quando eles permitiam que os negros se reunissem no terreiro para cantar e dançar, estimulava-lhes a que fizessem "rodas" separadas, somente com seus compatriotas, onde os Kétu não misturavam-se aos Jejes nem Bantu e assim também os outros faziam o mesmo eles próprios com relação aos outros. Mas, com o tempo essa tática foi deixando de dar certo, porque os negros entenderam que sua maior fraqueza era a sua própria desunião, e resolveram se unir para facilitar um pouco à sobrevivência, unindo-se contra o inimigo comum, isto é, o branco. Isso é mais evidenciado com a instituição dos quilombos, que eram focos de resistência dos negros fujões, e que não se curvavam à escravidão.              
  Na nossa religião nós cantamos, oramos e, até dialogamos em Yorùbá com pequenas frases e termos usuais do dia-a-dia nas casas de culto com a assimilação de um até vasto vocabulário, se levarmos em consideração as condições em que se deu a preservação disto.         
É de suma importância às linguagens da nossa religião, sobretudo, a oral porque a entendendo, entenderemos os rituais e poderemos nos comunicar com os nossos Òrìsà  e  Ancestrais, através da palavra.   Se  não souber falar Yorùbá a pessoa falará aos emane em português mesmo,  os Òrìsà  ouvirão e atenderão da mesma maneira. O que é mais importante é a fé e a sinceridade com que nos dirigimos a eles.  Contudo, se nos comunicamos em Yorùbá é muito mais gratificante a emoção que sentimos ao saber que o fazemos da mesma maneira que os nossos Ancestrais faziam há vários séculos atrás em nossa Língua Mãe, religiosa.   Então, nós louvamos, elogiamos, exaltamos, enaltecemos os imalè noculto aos Òrìsà, no Candomblé, de acordo com a herança  a nós legada pelos nossos antepassados, negros oriundos de vários lugares d'África, atravessando os séculos e chegando até nossos dias.  As cantigas são um modos de enaltecer e glorificar fatos e feitos relacionados com determinado Òrìsà,  reportando-se  à mitologia daquele Òrìsà.    Louvar é: Elogiar, dirigir louvores, exaltar, enaltecer, etc. Isto nós o fazemos diuturnamente no culto aos Òrìsà,  de acordo com a herança a nós legada pelos nossos ancestrais negros que nos ensinaram como fazê-lo através dos séculos desde então, da mesma maneira como eles o faziam. Essas maneiras são variadas e diversas embora, aos olhos do leigo possa parecer tudo a mesma coisa .   Dessas maneiras, a mais popular é o ORIN (a cantiga-música). Com ela nós ouvamos qualquer orixá ou imalè (espíritos). As cantigas são modos de enaltecer e glorificar os fatos e feitos relacionados a determinado Òrìsà ou imalè, reportando um acontecimento ligado à mitologia daquele Òrìsà.   Portanto, aprender a cantar corretamente e rezar para louvar os Orixás faz-se necessário inclusive, para um maior conhecimento e entendimento das suas lendas.

LENDA DE COMO NASCEU O CANDOMBLÉ:

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas. O céu imaculado do Orixá fora conspurcado. O branco imaculado de Obatalá se perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum. Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra. Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos. Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram. Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados. Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra. Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos. Foi a condição imposta por Olodumare. Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás. Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás. Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos. Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas. O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés. O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais. Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás. Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê. Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara. As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses.  Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas. Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos. E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam. Os orixás podiam de novo conviver com os mortais. Os orixás estavam felizes. Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam. Estava inventado o candomblé.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quimbanda - O Curandeiro

Kim: Medico ou sacerdote dos Cultos bantos
Banda: Lugar ou cidade

OQuimbanda é um herbalista (que pesquisa plantas curadora) ou curandeiro espiritual em muitas sociedades africanas e também em muitas sociedades da diaspora africana, tais como aquelas do Haiti, Brasil e Cuba.
Outro termo que designa o curandeiro da tribo é Nganga, que  em determinado momento, em parte do territorio Banto, na Africa do Sul, acabou ganhando um significado totalmente contrario, como se o mesmo se tratasse de um "feiticeiro do mal", e não o seu termo original, que é tido como um benfeitor da tribo.


O quimbandeiro é bastante familiarizado com muitas das causas físicas da doenças, e utiliza ervas e plantas da medicina popular em sua prática médica. O tratamento, porém, costuma ser sempre acompanhado de amuletos e formulas magicas para controlar os espíritos maus. É uma crença comum a existência de feiticeiros, pessoas que tentam fazer o mal aos outros usando, por exemplo, a magia negra.
A tarefa do curandeiro é anular o feitiço, possivelmente empregados os mesmos métodos magísticos.
Os efeitos que o quimbandeiro atribui aos medicamentos são devidos não somente às propriedades reais dos elementos naturais, mais também e sobretudo, à força simbólica desses mesmos elementos.

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Quimbanda ou Kimbanda não é simplesmente mais uma das linhas existentes dentro dos cultos afro-brasileiros, suas influências não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também abrangem em larga escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica,  o Espiritismo moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade e Correntes Orientais.
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segunda-feira, 23 de julho de 2012

IROKO





Orixá Iroko ou Yroko pouco cultuado no candomblé, mais um orixá muito respeitado pelos africanos, sendo um santo que representa a ancestralidade.Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da terra (Oduduwa) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu e resistira. Mesmo assim é pouco cultuado no candomblé brasileiro.
Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Oduduwa, a terra, que através dele ensina os homens o sentido da vida. É a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverenciá-la e louva-la. É também conhecido nos candomblés como “Tempo”, embora seja uma designação própria do rito angola. Diz o mito que no princípio de tudo, a primeira árvore nascida foi Iroko. Ele era capaz de muita magia, tanto para o bem 

quanto para o mal, e se divertia atirando frutos aos pés das pessoas que passavam.Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Um dia, as mulheres de uma aldeia próxima ficaram todas estéreis, por ação das Iyami. Então elas foram a Iroko e pediram a fertilidade. Iroko, contudo, exigiu dádivas em troca, pois é preciso abrir espaço para receber dons, como é preciso perder as flores para receber frutos. As mulheres concordaram e prometeram muitos presentes. Uma delas, contudo, tendo como única riqueza seu filho, prometeu dar a Iroko esta criança. Quando engravidaram, as mulheres foram a Iroko e fizeram as oferendas. Menos a que prometera a criança, pois ela amava muito o filinho.Iroko ficou muito zangado e aguardou o dia em que a criança brincava ao redor dele e a raptou. Quando a mãe foi buscar a criança, Iroko lembrou a mulher de sua promessa, ameaçando matar o outro filho que lhe dera, caso ela retirasse “sua” criança dali. Então a mulher, desesperada, procurou o babalaô, que jogando os búzios sugeriu que ela mandasse fazer um boneco de madeira com as feições de uma criança, banhasse com determinadas ervas e quando Iroko estivesse dormindo, substituísse o a criança pelo boneco. E assim ela fez. Até hoje se pode ver, nas gameleiras brancas o bebê de Iroko, repousando deitado em seus galhos. Em suas copas vivem também as Iyami Oshorongá, as ajés (feiticeiras) da floresta.





Dia da Semana: Terça-feira.
Cores: Branco, Verde (ou Cinza)castanho
Símbolo: tronco
Domínios: Ancestralidade
Saudação: Iroko Issó! Eró!Iroko Kissilé.




Características dos filhos de Iroko
Os filhos de Iroko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos.
Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.
Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.
Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.
Um defeito grande, é o facto de não conseguirem guardar segredos.
Iroko Kisselé; Eró Iroko issó, eró!

domingo, 22 de julho de 2012

YAMIN








A posição das feiticeiras (yamin Oxorongá) no sistema planetário, são atribuídos como os espíritos do mal que operam durante a noite para trazer sofrimentos e padecimentos aos seres humanos. Assim como ao demônio, é esperado de nós que tenhamos medo das feiticeiras e nos mantenhamos à distância delas. No decorrer da minha investigação, eu vim a descobrir que elas pertencem a uma esfera cosmogônica, a qual tem recebido o nome mais antigo Senhoras da Noite. Veremos em Osa-Meji, como elas vieram e se instalaram no mundo e como se tornaram mais poderosas, ao ponto que nenhuma outra divindade pode derrotá-las. Elas podem frustrar os esforços de todas as outras divindades que falharam em lhes dar o reconhecimento adequado.
Também descobri que elas não são totalmente más como freqüentemente são representadas. Como todo o conjunto de corpos celestiais e terrestres, há feiticeiras boas ou inofensivas e há feiticeiras más ou negras e vermelhas. Elas administram provavelmente o mais justo sistema de justiça. Elas não condenam sem um julgamento apropriado e imparcial. Se alguém se aproxima delas com uma acusação contra alguém, elas considerarão todos os lados antes de chegar a uma decisão. Ose-Osa e Osá meji, nos contarão como elas vieram ao mundo e como sobrepujaram todas as outras divindades. Orunmilá nos conta porque e como elas não destroem ninguém a não ser que a pessoa tenha atravessado o juramento feito entre Orinxalá, Orumilá e as feiticeiras. As feiticeiras não matam homem algum que age sinceramente de acordo com o sistema de instituição do povo e tabus proclamados por Deus. Veremos como Orunmilá revelou que as feiticeiras foram a princípio mais atenciosas que os meros mortais. Foram os seres humanos que as ofenderam primeiro, matando seu único filho. Acontece deste modo que as feiticeiras e os mortais (OgbOrí em Yorubá e Ogboi em Bini) vieram como irmãs ao mundo ao mesmo tempo. A mortal teve dez filhos enquanto a feiticeira teve apenas um. Um dia a leiga estava indo ao único mercado disponível naquele tempo, chamado "Oka Ajigbomekon Akota" (Eki Adagbon Aderinnwin em Bini). Estava situado na fronteira entre o céu e a terra. Os habitantes do céu e da terra o usavam para comércio comum, de modo que a leiga indo ao mercado, pediu à feiticeira que cuidasse dos seus dez filhos durante sua ausência.
A feiticeira tomou conta muito bem dos dez filhos da mortal e nada aconteceu a nenhum deles. Então foi a vez da feiticeira ir ao mercado. Seu nome então era Iyami Oxoronga em Yoruba e Iyenoroho em Bini. Tendo ela partido para o mercado, também pediu para sua irmã, para cuidar de seu único filho durante sua ausência. Enquanto ela estava fora, as dez crianças da mortal sentiram vontade de matar um passarinho para comerem. OgbOrí falou a suas crianças que se eles quisessem a carne de um passarinho, ela iria ao mato buscar um para comerem, mas que eles não deveriam tocar no único filho da feiticeira. Enquanto a mãe foi ao mato, suas dez crianças juntaram-se e mataram o único filho da feiticeira e assaram sua carne para comer. À medida que as dez crianças de Ogborí assassinaram do filho da feiticeira, o poder sobrenatural deu a ela um sinal de que nada estava bem em casa. Ela rapidamente abandonou as compras no mercado e retornou para casa apenas para descobrir que seu filho tinha sido assassinado.
Ela não conseguia compreender nada, porque sua irmã foi ao mercado e ela foi bem sucedida cuidando das dez crianças sem nenhum transtorno, mas quando foi sua vez de ir ao mercado, sua irmã negligenciou seu único filho. Ela chorou amargamente e decidiu abandonar a casa aonde viveu com sua irmã. Elas tinham um irmão com o qual elas vieram ao mundo ao mesmo tempo, mas que preferiu morar no meio da floresta, porque ele não desejava ser incomodado por ninguém. Era Iroko. Quando Iroco ouviu a feiticeira chorando, ele a convenceu a revelar o que estava acontecendo, e ela lhe contou como os filhos de sua irmã OgbOrí assassinaram o seu único filho, sem sua mãe ser capaz de impedi-los. Iroko consolou-a e lhe garantiu que a partir daí ele se alimentariam dos filhos de Ogborí. Foi a partir daí que, com o auxílio de iroko, a feiticeira começou a picar as crianças de OgbOrí uma após as outras.
Veremos também como rúnmìlá interferiu para impedir a feiticeira de destruir todas as crianças de OgbOrí e o porque a rixa continua até hoje. Foi Orumilá que apelou a iroko e a feiticeira e pediu-lhes que aceitassem, a fim de parar o assassinato dos filhos mortais dos leigos. É deste modo que Orunmilá introduziu o sacrifício (Ètutu) de oferendas às senhoras da noite, o qual envolvia um coelho, ovos, fartura de óleo e outros itens comestíveis. Da mesma maneira como Exú nós não podemos nos opor as feiticeiras sem o suporte principal adequado. Nós apenas tentamos descobrir por meio do oráculo o que nós podemos lhes dar para angariar seu apoio e no instante em que o fizermos lhes dar o que mais elas pedirem, elas com freqüência descem novamente sobre alguém que não entendeu este aspecto da existência humana, eles são os que caem com facilidade vítimas de bruxaria. Finalmente Orunmilá foi decretado pela divinação pública a ser o único capaz de cativar a mulher. Assim que ele foi abordado para a tarefa, fez os sacrifícios necessários e ao invés de ir ao ilu Omuo, com um exército, ele foi com um cortejo dançante o qual adentrou reto para dentro da cidade.
Quando as mulheres viram o longo cortejo de homens maravilhosamente vestidos e mulheres dançando na cidade com melodiosa música, elas perceberam que era momento de voltar para a casa de Ifé. Antes de elas compreenderem o que estava acontecendo, eles já estavam todos de volta a Ifé e havia reconciliação e júbilo geral. Este incidente ilustra novamente de maneira clara que não é fácil derrotar as forças das feiticeiras por meio de agressão sem apelar para uma autoridade superior. A maneira mais fácil de proceder para com elas é por meio de apascentamento. Orunmilá não resolve nenhum problema através de confronto a menos que todos os meios possíveis de conciliação tenham falhado. Até mesmo nesse caso, ele freqüentemente ele solicita o auxílio das divindades mais agressivas para fazer o serviço sujo para ele. E ele é uma divindade muito paciente. Ele diz que só pode reagir depois de ter sido ofendido trinta vezes e até neste momento, levar no mínimo três anos para se sentir ofendido, depois ainda dando ao ofensor ampla oportunidade de arrepender-se. A única força capaz de sobrepujar o poder das feiticeiras é a terra. Em Ose-Osa (Osemolura) teremos a informação de como o próprio Deus proclamou que o solo (Oto ou Ale) seria a única força que destruiria qualquer feiticeira ou divindade que transgredisse algumas das leis naturais. Isto foi proclamado na época quando um Curandeiro do Céu chamado Eye to yu Oke to Yoi Orun tinha se comprometido na destruição das divindades terrestres devido à suas condutas perversas na terra.
Oxemolura, quem transportou a mãe das feiticeiras para o mundo, porque nenhum outro tentou fazê-lo, também nos contará que o juramento que Orixalá fez a feiticeira submeterem-se foi ao solo. O juramento foi submetido em oposição a injustificável destruição de vidas humanas. Contamos porque as feiticeiras não têm poderes para destruírem o filho sincero de Deus, ambos são seguidores de votos de Orunmilá. Veremos também que o enorme poder manuseado pelas anciãs da noite, lhes foi dado pelo Pai Todo Poderoso, na época em que Deus vivia livre e fisicamente com as divindades. Foi dado a feiticeiras o poder exclusivo de manter vigia sempre que Deus estivesse tomando seu banho pouco antes do galo cantar. Era proibido ver Deus despido. As feiticeiras divinas eram as únicas a quem foi dada esta autOrídade. Elas freqüentemente davam sinal ao galo que Deus já tinha tomado seu banho, depois disso o galo cantava pela primeira vez na manhã. Deus não abandona o restante da sua criação à mercê das anciãs da noite. Por meio de Osa-Ose, rúnmìlá revelará como Deus conta conosco para nos proteger contra os poderes das feiticeiras. Havia uma linda moça no palácio de Deus que estava pronta para casar. Ogum, Osoyin (Oxum) e Orumilá estavam interessados na garota. Deus consentiu em dar a mão da moça em casamento ao admirador que provasse ser merecedor de sua mão. A tarefa a ser cumprida como prova de elegibilidade para a mão da moça era colher um tubérculo de Inhame da fazenda divina sem quebrá-lo. Ogum foi o primeiro voluntário a realizar a tarefa. Ele foi à fazenda e desenraizou o tubérculo. Tão logo ele o puxou, quebrou-se, o que logicamente descartava a sua candidatura. Oxun foi o próximo a tentar sua sorte e também passou pela mesma experiência. Foi à vez de Orunmilá ir até a fazenda. Mas ele não se direcionou diretamente para a fazenda. Ele decidiu descobrir porque aqueles que tentaram antes dele falharam e o que fazer para ser bem sucedido. Ele consultou o oráculo e durante a consulta foi informado do que era desconhecido a todos, Deus tinha nomeado as anciãs da noite para zelar pela fazenda. Eram elas portanto, as responsáveis pelos inhames mágicos arrancados quebrarem.
Ele foi recomendado a fazer um banquete para elas com akará e todos os itens de coisas comestíveis, e um grande coelho, e também para servir o banquete na fazenda à noite. De acordo ele executou o sacrifício de noite. Naquela noite todas as guardiãs da fazenda divina banquetearam-se com a comida. Na mesma noite, rúnmìlá teve um sonho no qual as feiticeiras enviaram alguém para lhe dizer para não ir a fazenda no dia seguinte. Ele deveria ir um dia depois. No dia seguinte elas fizeram a chuva cair pesadamente sobre o solo a fim de amolecê-lo. Depois disto todas as feiticeiras fizeram um juramento solene de não encantar o inhame de Orunmilá a quebrar. O terceiro dia, Orunmilá foi à fazenda e arrancou o inhame com sucesso e o entregou a Deus, que instantaneamente cedeu a garota para ele em casamento. Deve-se observar que Deus não falou nada aos admiradores da garota sobre a coisa estranha que os aguardava na fazenda. Ele tão pouco lhes disse como solucionar a questão que sabia que iriam enfrentar. Foi apenas Orunmilá, que nunca se lançou em algo sem pensar bem antes de agir, ele sabia que era apenas apascentando as feiticeiras que ele poderia pegar o que ele queria.